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24 de fevereiro de 2014

[BR] Tempo de recomeçar


A vontade é algo brilhante no ser humano, o faz capaz de alcançar muitos objetivos, se direcionado de maneira construtiva e saudável 
recomeçar
(Foto: Divulgação)

Por Evelyn Graziele

O Balé Clássico é uma arte musical e uma dança de interpretação muscular. Mesmo não tendo começado desde pequena, sem ter trabalhado o corpo desde os primórdios, você pode sim iniciar os estudos de balé com 20, 30 ou 40 anos.



O trabalho muscular de alongamento, fortalecimento, tonicidade, flexibilidade é um exercício diário.  Digam que deve se começar quando criança, pois é a fase do corpo onde ainda não há padrões posturais, encurtamentos, rigidez, ou seja, fase da vida onde o corpo é mais maleável.

Já o adulto isso muda, pois nesta fase etária já se tem padrões posturais, posturas emocionais, deformidades ósseas, encurtamentos, algumas vezes doenças articulares e ósseas e, o trabalho do balé dá uma nova interpretação muscular ao seu corpo.

Cada aluno adulto tem seu próprio amadurecimento corporal e desta maneira, ele pode avançar lentamente de acordo com o ritmo de estudo que se propõe. E isso torna-se um estilo de vida, pois vai transforma seus padrões posturais e musculares. Se adulto é indicado ensaiar todos os dias, crianças de 7 a 9 anos duas vezes na semana, 9 a 13, três vezes na semana.

A professora da Escola de Bailados de Caraguatatuba, Kamyla Mello, explica que para um melhor entendimento e visando uma formação espaço-temporal e óssea, o estudo clássico se inicia, em geral, entre sete e oito anos. Antes dessa idade, apenas a  chamada Baby Class, com objetivos inteiramente recreativo e de despertar o gosto pela arte. Mas Kamyla deixa claro: as portas não estão fechadas para os adultos. “Nunca é tarde para começar; o que vai depender é o foco da pessoa. A postura é um dos principais fundamentos, mas o desenvolvimento de ritmo e percepção visual são importantes neste início”, completa.

Kamyla esclarece que nas aulas infantis, os passos são decompostos para melhor compreensão e visa facilitar a aprendizagem. Tudo é mais lento e feito passo a passo. Já nas aulas dos adultos, esse momento de aprender como se realiza um determinado movimento já foi passado e as sequências acabam sendo mais elaboradas, explica a professora. Para se formar em balé, são necessários oito anos de curso.

Quanto ao número de horas diárias, para os adultos não existe limite, “quanto mais melhor”, frisa Kamyla. Para ela, o mais adequado é que ensaiar todos os dias da semana um mínimo de duas horas e meia. Existem companhias que chegam a ensaiar até oito horas seguidas, mas neste caso não é só metodologia clássica que se trabalha, mas outras modalidades, que facilitam a técnica do futuro bailarino. Com as crianças, o tempo de atenção e de envolvimento é menor, por isso o mais indicado – aconselha Kamyla - é o período de uma a uma hora e meia para iniciantes.

Depois de algum tempo parada, Manuella Rodrigues resolveu voltar a dançar. “Quando criança, entrei numa academia conceituada e, consequentemente, rígida, que me proporcionou uma experiência não muito boa, de modo que eu passei apenas alguns meses lá e não quis retomar. Hoje, aos 21 anos, decidi retomar esse sonho e encontrei um local que oferece aulas de balé para iniciantes adultos, o que não é muito comum aqui em Caraguá”, conta Manuella.

Kamyla também explica quais os cuidados que devem ser tomadas em relação aos pequenos. “As crianças não têm entendimento e desenvolvimento técnico para realizar determinado passo e ele sairá de uma maneira errada se apressamos um processo; e se a criança aprende errado, fica bem difícil consertar mais tarde, pois é como se o corpo “viciasse” em realizar o exercício daquele jeito”.

Sobre a estética da bailarina, “existem padrões como a cobrança de que bailarina deveria ser magra, apesar de que no Brasil isso já é bem mais tranquilo, pois a maioria das companhias são de balé contemporâneo e o físico acaba sendo mais torneado; a dança exige uma percepção e um conhecimento do corpo muito grande e é uma das poucas artes e modalidades esportivas que envolvem tantos grupos musculares ao mesmo tempo, por isso exige muita concentração e conhecimento do que se está realizando”, confirma Kamyla.

Portanto, no balé não é cor, raça e nem idade. A cada etapa, novas descobertas, porque o maior desafio já foi enfrentado, o de optar pela sala de aula com espelho, barra e pianista. 

*Texto publicado na revista Bastidores

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