Smiley face
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24 de fevereiro de 2014

[BR] Cores, texturas e formas... nasce o figurino


Nas mãos habilidosas dos figurinistas tecidos, pedrarias e paetês podem mostrar uma época, situação econômica ou até mesmo aspecto psicológico de uma personagem

(Foto: Diculgação)

Por Jessyca Biazini

A dança surgiu da necessidade do homem pôr para fora suas emoções. Os rituais dos povos primitivos, as transformações sociais e religiosas, até as festas como o carnaval, utilizavam o movimento para se expressar. O que começou de forma instintiva em rituais que utilizavam pinturas, cocares, peles de animais, manteve-se na sociedade para fortalecer as ideias expressas por ritmos e formas que precisam dialogar com a sociedade.



O objetivo principal é estabelecer uma relação entre a obra e o público. Segundo Marcel Martin, crítico e historiador de cinema na França, os figurinos podem ser criados a partir de três princípios: o primeiro é o realista que retrata a época e o sentido com precisão histórica; o segundo é o para-realista que se inspira na moda da época, mas preocupa-se com estilo e beleza e o último é o simbólico que não se importa com as exatidões e cede espaço para traduzir caracteres, estados da alma ou criar efeitos psicológicos.

O figurinista é o responsável por criar/interpretar os figurinos. Este profissional idealiza nos croquis (desenhos), as formas que darão vida ao espetáculo. “Na dança a intenção é que as roupas estejam em harmonia com o movimento, para isso a leveza do tecido é importante, geralmente os grupos optam por tecidos finos e leves como seda, chiffon, musseline, e temos que ver também o objetivo dos coreógrafos para que na execução ele consiga o resultado esperado”, afirma Ruth Guimarães, dona do Ateliê em São Sebastião que há mais de 20 anos costura roupas para bailarinos e grupos do Litoral Norte.

Ruth também explica que é possível reelaborar figurinos, que muitos grupos têm materiais de projetos antigos que podem se transformar em novos estilos e conseguir bons resultados.  Os figurinistas devem ter noções de cenografia, iluminação, conhecimento sobre tecidos, acessórios, costura, e onde pode encontrar materiais e pessoal especializado. “Muitos espetáculos pecam ao escolher o figurino, estes cuidados são imprescindíveis para obter bons resultados. Há escolhas infelizes que destoam da obra e outro cuidado importante é com o acabamento das roupas para que não rasguem no palco”, afirma a bailarina Renata Magenta do Grupo de Dança Guadalquivir.

O figurino enquanto elemento visual estabelece um elo essencial de significação entre o personagem e o contexto do espetáculo. “Estamos em uma sociedade pautada quase que exclusivamente na imagem, que é uma linguagem universal, não podemos simplesmente ser alguém, temos que parecer ser”, conclui a antropóloga Priscila Henrique. As forças destas imagens estão em constante diálogo com a sociedade e as roupas mostram a resposta aos acontecimentos sociais e políticos de cada tempo. 

A diretora da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bórgea afirma que “na dança o figurino contextualiza e descontextualiza a obra, traz significados, agrega valores, constrói o personagem, traz a situação material e psicológica. Roupas sem bailarinos não são nada e não existe dança sem figurino, mesmo se reduzirmos ao figurino último, a imagem mais pura das roupas, que é o corpo sem nada”. Para ela as formas do palco são as formas do figurino, que ganham vida no ritmo do corpo.

A saia da bailarina

tutu - pronuncia-se "titi" ou too-too - é uma parte do vestuário do balé. São roupas usadas pelas bailarinas. Quando apareceu, em 1820, não foi referenciado como um tutu. Esse nome foi dado a partir de 1881.

Feitos de tule, gaze, musseline e organza são saias armadas. No Ballet Clássico, os tutus pratos eram os mais usados. São aquelas “sainhas” finas de tule, marcas características das bailarinas, pois permitiam que as pernas fossem vistas e fica mais fácil de verificar se os passos são executados corretamente.

Em 1832 Marie Taglioni imortalizou esse tipo de roupa: com um corpete apertado e uma saia de várias camadas, que se alonga quase até o tornozelo, também chamado Tutu Romântico, e quando é curto chama-se Tutu Italiano.

Na primeira apresentação da peça "As Sílfides" esta vestimenta passou a ser a norma de excelência dos bailarinos.

Mais tarde, o Tutu Romântico, branco e longo, marcado por bailarinos em "Giselle", "Las Bayaderas", passou a ser utilizado como padrão.

O Tutu Romântico, ou Italiano, é uma sobreposição de saias curtas e rígidas, em forma de pétalas ao redor do quadril da bailarina e deixando expostas as pernas. Geralmente é um conjunto de saiotes brancos, embora haja uma variedade colorida e brilhante.

* Texto publicado na revista Bastidores

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