Smiley face
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24 de fevereiro de 2014

[BR] Sucesso do corpo começa pela mente

Não dá para cuidar apenas da técnica e do físico. A mente deve ser tratada da mesma forma e, de preferência, desde quando a criança abrace o balé

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(Foto: Diculgação)
Por Evelyn Grazieli

Nos dias atuais, a insatisfação com a imagem corporal e a prática de dietas inadequadas são comuns. A busca pelo corpo perfeito pode se tornar uma obsessão. Estudos registram que para um melhor rendimento no balé clássico é necessário que a praticante apresente um reduzido percentual de gordura corporal, entre 8 e 10%. Geralmente, a excessiva preocupação com o baixo peso e a estética corporal faz com que as bailarinas não se alimentem adequadamente. A pressão é muitas vezes ampliada pelos próprios professores de dança.



Por isso, cuidar da cabeça, além do corpo, é fundamental para os bailarinos. E  a família é essencial no processo. Como a atividade de bailarino começa muito cedo, na infância ainda, a criança não dispõe de recursos psicológicos necessários e suficientes para lidar com sentimentos como frustração, euforia, ansiedade, entre outros. Os pais, ou aqueles que se responsabilizam pela criança, são os primeiros elos de ligação entre a criança e o mundo e, por definição, os mais importantes. Bons professores e orientadores também ajudam muito no desenvolvimento psíquico da futura bailarina, mas a família é fundamental.

O psicólogo Cristiano Liveraro explica que em períodos em que o indivíduo fica suscetível às influências. Geralmente, a atividade de bailarino inicia-se na infância, tendo seu desenvolvimento ao longo dela e na adolescência, períodos estes em que o indivíduo está em formação e, naturalmente, com a receptividade de estímulos ampliada e sem filtros. Segundo o psicólogo, momento em que “se encontram despreparados para enfrentar o mundo sozinhos e no qual a orientação da família, dos professores e de um profissional de Psicologia é que nortearão as ações do bailarino e auxiliarão na formação de sua estruturação psíquica”.

Os sintomas são subjetivos e variam de um indivíduo para outro. Mas comportamentos como retração, desmotivação, agressividade, apatia, queda de rendimento e intolerância podem ser sinais de que alguma coisa não está bem. Quando diagnosticados os sintomas, se deve procurar um profissional da área de saúde mental o mais breve possível e este profissional poderá diagnosticar e proceder o tratamento mais adequado orienta o psicólogo.

Liveraro enfatiza que em grupos de dança e de esportistas, o suporte do profissional de Psicologia visa manter a integridade da identidade do grupo para que este corresponda positivamente ao que lhe é exigido, sem perder de vista a individualidade de cada um dos elementos que o compõem. Muitas vezes, a queda de rendimento da equipe, por exemplo, que acaba por ser o sintoma mais evidente de que alguma coisa não vai bem, é um problema do grupo e não individual. “O profissional é habilitado para detectar essa necessidade e projetar uma linha de trabalho que busque os encaminhamentos necessários para a correção do problema. E sendo este profissional um membro que desenvolva trabalho permanente junto à equipe, seu trabalho com o grupo será mais fácil; detectar a demanda da equipe e supri-la será caminho mais curto do que tratar do problema depois do aparecimento dos sintomas”, diz.  

O tratamento, assim como a conversa, é característica do grupo em que se desenvolve o trabalho. O diálogo com jogadores de futebol é um, com nadadores é outro, com velocistas é outro e assim por diante, como também com bailarinos. Dentro deste cenário, a direção e a intensidade da intervenção do profissional dependem da demanda que a equipe apresenta.

Não há receita de bolo ou bula de remédio. O profissional de Psicologia é capacitado para detectar essa demanda e atuar de forma adequada e assertiva, dentro das características de cada grupo. A mente bem trabalhada é fundamental para o bom desempenho de um bailarino, assim como outros profissionais que usam o corpo como principal instrumento de trabalho.

*Texto publicado na revista Bastidores

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